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De Beyoncé a Elza Soares: os discos que inspiraram Luiza Lian para criar Azul Moderno

Terceiro álbum de Luiza Lian foi escolhido pela Rolling Stone Brasil como o 7º melhor trabalho do ano

Pedro Antunes Publicado em 22/02/2019, às 14h30

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Luiza Lian (Foto: Rafael Rocha)
Luiza Lian (Foto: Rafael Rocha)

Luiza Lian gosta do imprevisível. Assim a artista saiu do seu disco de elogiado estreia, de 2015 (cujo título era o próprio nome dela) e se entregou ao processo de criação para o sucessor, o elogiadíssimo Oyá Tempo, de 2017. No ano seguinte, desconstruiu um disco pronto, para remontá-lo, por meio de samples e beats. Assim nasceu o carnudo Azul Moderno.

Uma artista que deixa a obra impor seu ritmo, sua cadência e sua roupagem, Luiza projetou um disco acústico quando deu início a Azul Moderno, criado à princípio com a produção de Tim Bernardes e Charles Tixier (esse último já estava presente em Oyá Tempo). Mas Azul Moderno não era para ser acústico.

Era para soar vivo. Eletronicamente orgânico, se é que isso faz sentido para você.

As canções presentes ali foram desmembradas, cada nota, cada acorde e melodia. Depois, em samples, como um quebra-cabeça que não tenta reproduzir a imagem original e, sim, criar uma nova identidade, chegou-se ao resultado do disco.

Azul Moderno foi eleito o disco do ano para a prestigiada APCA, ou Associação Paulista dos Críticos de Arte. Também ficou em 7º lugar na eleição dos álbuns nacionais de 2018 segundo o júri criado pela Rolling Stone Brasil. Veja a lista completa aqui.

O ano de 2019 traz um novo momento para o disco, que também já ganhou os palcos. O álbum é lançado em vinil pelo NOIZE Record Club, um clube de assinaturas de vinil (o primeiro, eles dizem, de toda a América Latina).

Um contexto: de início com edições bimestrais e, agora mensalmente, o NRC lança clássicos da música brasileira, como Afro-Sambas, álbum seminal de Baden Powell e vinicius de Moraes, de 1966, a lançamentos fresquinho, como foi, recentemente, com Tônus, do Carne Doce, e é agora com o álbum da Luiza Lian.

A edição em vinil especial e de tiragem limitada do Azul Moderno sai por R$ 98. Mas também há planos de assinatura mensal (R$ 75 por mês), no qual o assinante recebe, mês a mês, um vinil especial acompanhado da revista Noize, inteiramente pautada no álbum em questão, e bimestral (R$ 85, a cada dois meses). Para assinar e mais informações, veja aqui.

A seguir, a Rolling Stone Brasil publica em primeira mão parte do conteúdo da edição impressa da revista Noize especial sobre Azul Moderno. Na seção Discoteca Básica, a artista conta quais discos não saíram dos seus ouvidos nos últimos tempos e foram fundamentais para a produção do disco.

Lemonade (2016), da Beyoncé

"O que mais me chamou atenção de cara foi o trampo de voz sinistro do disco. Parece que ela pode ser qualquer coisa que quiser. Se quiser fazer uma música que nem o Robert Plant, ela vai cantar que nem o Robert Plant; e tem rap, soul, country, tem uma flexibilidade estética no trabalho de voz que achei muito libertador. É super pop o disco, mas ela parece muito livre, é uma emancipação da indústria musical. Pra uma artista que deve ter passado por todo tipo de gente dizendo como ela tem que fazer as coisas, é muito massa ver essa autonomia. O Lemonade fez ela fazer sentido de verdade pra mim."

(O álbum é um lançamento exclusivo do Tidal e pode ser ouvido na íntegra aqui)


Swing Slow (1996), de Miharu Koshi e Haruomi Hosono

"Gosto dessas coisas do Japão, mas esse disco é demais, às vezes tem uma vibe meio bossa nova, às vezes tem uma pegada mais futurista, a produção é muito linda e é bem louco. O Charles [Tixier, produtor de Azul Moderno] que me mostrou e falou que era uma pósreferência do Azul Moderno. Ele estava produzindo e, no meio do caminho, se deparou com esse disco que tinha tudo a ver com várias coisas que ele estava pensando e construindo."


A Mulher do Fim do Mundo (2015), da Elza Soares

Ouvi muito, mas é um disco que me retorna. Foi muito massa ver músicas de compositores que curto muito na voz dela e isso ser tão poderoso. Eu já ouvia a Elza antes, acho que é a maior cantora do Brasil, mas esse disco em especial pega no meu coração. É bem contemporâneo, surpreendeu bastante, tanto a produção quanto as composições, que fogem do universo onde a Elza estava.


Lição #2: Dorival (2018), do Quartabê

É um disco pra ouvir viajando, aí parece que você está num filme. Ouvi uma vez indo pro Rio de Janeiro e parecia que eu estava numa perseguição no meio de uma tela de cinema. É uma homenagem muito linda ao Dorival Caymmi e muito autoral ao mesmo tempo. Amo o Dorival, é um artista muito importante na minha formação musical e esse disco me mostrou uma outra perspectiva, a possibilidade de construir e evoluir a partir dele.