Jared Leto falou sobre processo criativo do primeiro disco da banda em 5 anos, 'It's the End of the World but It's a Beautiful Day', e relação com o irmão Shannon
por Heloísa Lisboa (@helocoptero)
heloisa.lisboa@rollingstone.com.br
Publicado em 15/09/2023, às 10h00
Thirty Seconds to Mars lançou nesta sexta-feira, 15, o primeiro álbum em 5 anos. No antecessor, America (2018), a banda reuniu críticas afiadas sobre política, em meio ao governo de Donald Trump. O novo disco, porém, recebeu um título que indica que agora Shannon e Jared Leto estão vendo o copo meio cheio: It's the End of the World but It's a Beautiful Day ("é o fim do mundo, mas é um dia lindo", em tradução livre).
Trata-se do 6º álbum de estúdio da dupla de irmãos, o que pode parecer pouco levando em consideração que o Thirty Seconds to Mars já está completando 25 anos de existência. "É uma nova era para o Thirty Seconds to Mars", afirmou Jared Leto em entrevista à Rolling Stone Brasil.
A banda lapidou o projeto há anos, de acordo com o artista. "Esse álbum nasceu durante os primeiros dias do covid. Meu irmão e eu começamos a trabalhar nas músicas bem no início da pandemia e cresceu daí. Então as canções vieram de um lugar um pouco escuro, mas, ao passo em que o mundo voltou à vida, essas músicas conquistaram uma nova energia", contou.
Leto confirmou que o disco assume uma perspectiva otimista — característica alcançada ao longo dos anos em que as músicas ficaram de molho. "Conforme o tempo foi passando, elas se tornaram mais celebrativas, mais otimistas, mais cheias de vida", disse.
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Sabe, eu acho que é um reconhecimento de que o mundo é um lugar imperfeito e a contradição entre a forma como às vezes o percebemos e como ele realmente é. Eu gosto muito do nome do álbum. Ele brinca de alguma forma. É uma metáfora e é um título bem longo, mas eu gosto bastante.
O músico revelou que "Avalanche" é sua faixa preferida do álbum, "porque lembra o antigo Thirty Seconds to Mars". A composição, inclusive, poderia estar no primeiro disco da banda, segundo Jared. Apesar do jeito indiferente durante a conversa, ele estava muito animado para mostrar It's the End of the World but It's a Beautiful Day ao público e assegurou que os fãs ficariam surpresos com as novas sonoridades.
Jared Leto é, além de músico, ator. Clube de Compras Dallas (2014) rendeu a ele um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. O filme, estrelado também por Matthew McConaughey e Jennifer Garner, retrata — em linhas gerais —, a luta de um homem contra a aids na década de 1980. Réquiem para um Sonho (2000) é outro sucesso do qual Leto participa.
Falando em audiovisual, o cantor não pôde fazer comentários sobre cinema durante a entrevista, já que aderiu à greve dos atores de Hollywood. Mas ele revelou o processo criativo por trás do videoclipe de "Stuck", um dos singles do disco.
"A visão que eu tinha era muito específica. Queria fazer algo que focasse em como as pessoas interpretavam a música e, ao mesmo tempo, uma carta de amor a um grupo de fotógrafos que sempre admirei e que me inspiraram muito como um jovem artista", declarou. Irving Penn, Richard Avedon, Robert Mapplethorpe, Diane Arbus e Herb Ritts são alguns desses fotógrafos.
No decorrer de 25 anos, músicos saíram e entraram no grupo. Tomo Miličević se juntou à banda em 2003 e a deixou após mais de uma década, em 2018. Antes dele, o baixista Matt Wachter saiu do Thirty Seconds to Mars em 2007, argumentando que queria passar mais tempo com a família. O guitarrista Solon Bixler, tomou um rumo diferente ainda em 2003.
Hoje, o grupo é na verdade um duo formado pelos irmãos Leto. "As coisas estão ótimas. Ele sempre foi meu irmão e essa é a essência da banda. Nós escrevemos juntos. Sabe, sempre fomos meu irmão e eu, desde que éramos crianças. Fizemos ótimas colaborações ao longo dos anos e tivemos ótimos parceiros. Mas sim, é legal poder continuar fazendo música com meu irmão e ele tem feito um excelente trabalho como produtor e compositor", confessou Jared.
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Em setembro de 2018, o artista concedeu entrevista à Folha de S.Paulo, na qual se abriu sobre a infância: "Eu e meu irmão crescemos muito pobres. Vivíamos com assistência do governo. Mãe solteira, dois filhos. Meu primeiro emprego foi aos 9 anos, entregando jornais, e depois lavando pratos, aos 12. Então, tenho noção de como tenho sorte de estar onde estou hoje."
Jared e Shannon foram introduzidos ao universo dos diferentes gêneros das artes pela própria mãe, Constance Leto. Em outra entrevista, dessa vez conduzida por Marc Muehlenbrock, o intérprete do Coringa pontuou que o Thirty Seconds to Mars não exisitiria caso Shannon e ele não fossem irmãos. O mais velho, atualmente com 53 anos, teve um papel central na formação do novo disco sob a posição de produtor, já ocupada por Jared.
"Estar de volta na estrada depois de tantos anos sem fazer shows é muito incrível", refletiu Jared Leto sobre a turnê que começa no dia 23 de setembro. Ele e o irmão passarão por Las Vegas, em Nevada, e Austin, no Texas. Fora dos Estados Unidos, o Thirty Seconds to Mars está confirmado apenas no Corona Capital, festival que acontece no México.
BRASIL! Em qual dia da #MonolithTour você vai?
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Ainda que não tenha planos acertados, o músico declarou que está animado para vir ao Brasil. "Mais cedo ou mais tarde, acho que teremos planos sobre o Brasil, mas ainda não posso dizer nada", ponderou.
A banda já fez passagens pelo país, sendo que a primeira visita aconteceu em 2007. Depois disso, eles voltaram em 2011, 2013, 2014, 2017 e 2018.
