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Quando até Jimmy Page reclamou dos valores pagos pelo streaming a músicos

Guitarrista e líder do Led Zeppelin se posicionou com relação à forma como os artistas são tratados pelos serviços online

Por Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 23/05/2023, às 11h17

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Jimmy Page (Reprodução)
Jimmy Page (Reprodução)

Os valores distribuídos pelas plataformas de streaming de música aos próprios artistas é tema de discussão há anos, desde que ferramentas como Spotify, Apple Music e Deezer, entre outras, se popularizaram. Os pagamentos são considerados baixos por quem cria arte, mesmo aqueles mais populares e até imortalizados na história.

É o caso de Jimmy Page. O guitarrista Led Zeppelin divulgou, no fim de 2020, uma breve carta nas redes sociais para pedir que os serviços de streaming melhorem os valores pagos aos músicos. Na época, o tema era debatido no Reino Unido por meio de audiências e consultas promovidas pelo Comitê Digital, Cultura, Mídia e Esporte.

Inicialmente, em seu texto, Page afirmou:

“Aprecio totalmente o debate em torno dos royalties de streaming que deveriam ser pagos por direito a todos os músicos e compositores que fizeram a música. Quanto mais cedo as empresas de streaming puderem fazer pagamentos justos a todos os músicos cuja música é tocada ou visualizada na internet, e pagar royalties justos àqueles que nos dão grande prazer daqueles que estão as explorando, melhor.”

A postagem obteve mais de 15 mil curtidas no Instagram e recebeu mais de 400 comentários, que, em geral, apoiam o posicionamento de Jimmy. O fato do líder do Led Zeppelin ter se manifestado foi considerado bastante importante, visto que essa discussão nem sempre é encabeçada por nomes já estabelecidos no mercado.

Confira a publicação original a seguir.

O tema foi debatido no Reino Unido após a Ivors Academy of Music Creators, instituição de compositores, pedir para que o governo do Reino Unido imponha regras mais rígidas à forma como as gravadoras trabalham seus artistas nas plataformas de streaming. Foi solicitada alteração nas leis de direitos autorais, em prol dos músicos e compositores, entre outros tópicos.

Entre os músicos que participaram de uma audiência com parlamentares britânicos, estava o produtor Nile Rodgers, líder do Chic e performer/compositor de vários hits. Rodgers destacou que os artistas sequer sabem quanto vale um stream e que a falta de transparência das plataformas digitais não permite uma auditoria.

De acordo com a agência Reuters, os parlamentares descobriram, em meio às apurações, que as plataformas de streaming rendem mais de 1 bilhão de libras somente no Reino Unido. Todavia, apenas 13% dessa renda chega aos músicos.

Os valores

Também no ano de 2020, um relatório divulgado pelo site Business Insider apontou que os artistas recebiam apenas US$ 0,0033 a cada reprodução de sua música no Spotify. É menos da metade de um centavo de dólar. Assim, você precisa de 300 reproduções/streams para receber um dólar por sua obra.

Ao USA Today, uma cantora de 22 anos chamada Mackenzie Miller disse que seu single “Peach Lemonade” recebeu quase 14 mil reproduções nas primeiras semanas de seu lançamento. Porém, seu pagamento mal chegava a US$ 5. Isso ocorre porque não significa que você vai receber US$ 0,0033 por reprodução de música (este é um valor médio) e porque detentores de direitos e distribuidores também são pagos.

A sugestão do CEO do Spotify

Ainda em 2020, o CEO do Spotify, Daniel Ek, gerou polêmica ao oferecer o que considera ser a solução para o problema. O profissional destacou que os músicos precisam “gravar mais”, já que estão reclamando sem oferecer muito em troca.

Em entrevista ao MusicAlly, Ek declarou que, na verdade, não existem reclamações que demonstrem insatisfação real dos músicos com os valores de remuneração.

“Privadamente, eles elogiam o Spotify. Porém, eles não são incentivados a fazer isso em público. Existem cada vez mais artistas que conseguem viver somente da renda vinda do streaming.”

Na sequência, veio a declaração de que os músicos precisam, mesmo, trabalhar mais. Uma fala surpreendente, tendo em vista a quantidade de reclamações em torno dos valores.

“Alguns artistas ganhavam mais no passado e hoje em dia podem não ganhar tanto, pois hoje em dia não dá para alguém gravar música a cada 3 ou 4 anos e achar que isso será o bastante. Os artistas que estão conquistando seus lugares hoje em dia sabem que é necessário criar um engajamento com os fãs de forma contínua. Ao lançar um álbum, é preciso ter uma história a respeito dele e continuar a se comunicar com os fãs. Aqueles que não estão indo bem nas plataformas de streaming são, em maior parte, aqueles que querem lançar música do jeito que era antes.”