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Por que volta dos Beatles teria sido um erro, segundo George Martin

Integrantes concordavam que a banda não deveria se reunir; qualquer mínima possibilidade foi extinta com morte de John Lennon

Por Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 14/07/2023, às 20h30

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GEORGE MARTIN (Foto: Michael Buckner/Getty Images)
GEORGE MARTIN (Foto: Michael Buckner/Getty Images)

Praticamente desde o primeiro minuto em que os Beatles anunciaram sua separação, através de um comunicado à imprensa divulgado por Paul McCartney em 10 de abril de 1970, fãs torciam por um retorno. Isso jamais aconteceu. Qualquer chance minimamente plausível de uma reunião foi extinta com o assassinato de John Lennon, em 1980.

Mesmo que esta tragédia não tivesse ocorrido, o produtor George Martin, tratado por muitos como o verdadeiro quinto Beatle (tamanho o seu envolvimento com a criação e gravação das músicas), não era nada favorável a uma volta. Na opinião dele, os músicos até poderiam tocar juntos, mas nunca sob o nome da banda que os consagrou mundialmente (CheatSheets).

Em entrevista de 1976 à Rolling Stone EUA, Martin disse que “odiaria” o retorno dos Beatles. Ele explicou suas razões:

“Acho que seria um erro terrível até mesmo eles entrarem em estúdio juntos. Eu odiaria ver isso acontecer. O que aconteceu naquela época foi ótimo, mas sempre que você tenta recapturar algo que existia antes, você está pisando em terreno perigoso.”

O produtor recorreu a um exemplo relativamente comum na vida de qualquer pessoa para ilustrar seu ponto de vista:

“É tipo quando você volta a um lugar que amava quando criança e descobre que ele foi reconstruído. Destrói suas ilusões."

+++ LEIA MAIS: Paul McCartney repreendeu Elvis Presley por cantar clássico dos Beatles errado [FLASHBACK]

Beatles no passado

Na opinião de George Martin, que nos deixou em 2016, os Beatles deveriam ficar no passado. Uma reunião consistiria em uma banda completamente diferente.

“Os Beatles existiram anos atrás. Eles não existem hoje.E se os mesmos quatro homens voltassem a tocar juntos, não seriam os Beatles.”

O clima evidenciado nas sessões do projeto Get Back, filmadas para lançamento no filme Let it Be (e posteriormente expandidas no documentário The Beatles: Get Back), confirma outro ponto: os músicos já não se davam bem no ambiente profissional. Em uma entrevista (via CheatSheet), Paul McCartney admitiu que só poderia se dar bem com John Lennon se eles não falassem absolutamente nada sobre negócios. Ringo Starr, o mais fácil de se lidar dos quatro, talvez não sentisse tanto os conflitos, mas George Harrison, geralmente ofuscado pela dupla Lennon/McCartney na parte criativa, voltaria a se sentir sufocado nesse sentido.

O guitarrista, aliás, disse em uma coletiva de imprensa no ano de 1974 (via Ultimate Classic Rock) que “todos estavam gostando de trabalhar de forma individual”. E foi sincero ao abordar o que mudaria sua opinião sobre uma volta:

“Ficamos encaixotados por 10 anos. Então, é tudo fantasia sobre os Beatles se reunirem novamente. Se fizermos de novo, provavelmente será porque estaremos falidos e precisando de dinheiro.”

Pouco antes de falecer, John Lennon revelou à Playboyque mantinha o mesmo posicionamento.

“Temos que ser crucificados de novo? Temos que andar sobre a água de novo porque um monte de imbecis não viu da primeira vez? Ou não acreditou quando viu? Sabe, é isso que eles estão pedindo: ‘Não entendi o que você fez naquela época, você pode fazer de novo?’. De jeito nenhum.”