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Música / Entrevista - Parte II

Jimmy London fala sobre curadoria do Matanza Ritual Fest e carreira na televisão: 'Não existe filho mais amado'

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Jimmy London refletiu sobre relação com as bandas do line-up do Matanza Ritual Fest e confessou paixão pela atuação

Jimmy London (Foto: Divulgação) | Matanza Ritual Fest (Foto: Reprodução/Instagram)
Jimmy London (Foto: Divulgação) | Matanza Ritual Fest (Foto: Reprodução/Instagram)

O Matanza Ritual e a Top Link Music realizam neste sábado, 9, mais uma edição do Matanza Ritual Fest, festival que reunirá as bandas Matanza Ritual, Crypta, Black Pantera e Malvada.

O Matanza Ritual é formado por um time de estrelas do rock nacional: o vocalista Jimmy London(Matanza), o baixista Felipe Andreoli (Angra), o guitarrista Antônio Araújo (Korzus) e o baterista Amílcar Christofáro (Torture Squad).

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Em entrevista à Rolling Stone Brasil, London falou sobre o processo de curadoria do line-up do festival e ainda explicou como equilibra a música com a atuação. "São todos meus filhos, e não existe filho mais amado. Elas são muito diferentes", disse o artista quando tentou comparar as duas carreiras.

Leia na íntegra:

Rolling Stone Brasil: Com o lançamento do single “Morte Súbita”, existe a possibilidade de um álbum em breve?
É uma certeza, por vários motivos. Estamos cheios de música pronta e acho que elas têm que sair da minha cabeça, se não, vou ficar maluco. Nossa música está indo para vários lugares diferentes, então tem toda a influência dos meus amigos extremamente headbangers — o Antônio, o Amílcar e o Felipe — e tem essas minhas outras influências malucas pipocando para lugares muito doidos. Tem também uma necessidade de banda, para se afirmar enquanto banda. A gente já fez três singles, mas agora vamos fazer um disco. Muito em breve faremos um disco, sim. Quero fechar com uma gravadora legal, achar um lance que flua bem para todo mundo, fazer um disco completo e mostrar para a galera o que é o Matanza Ritual nesse momento. 

Rolling Stone Brasil: E falando sobre as músicas, você quer adiantar alguma coisa? O que os fãs podem esperar?
Eu estava pensando sobre isso. Se você for olhar as músicas que a gente já lançou — "Sujeito Amargo", "Rei Morto" e "Morte Súbita" —, elas meio que vão para uns três lugares diferentes. "Sujeito Amargo" é um rock bem normal. "Rei Morto" é uma música bastante de western a até uma coisa de pós-metal, bem escondida, mas tem. E "Morte Súbita" é um thrash. Na verdade, é uma porradaria mesmo, é uma música pesada. E aí, se eu começar a rever aqui as minhas anotações, tudo que eu venho fazendo, especialmente com o Antônio, que compõe muito comigo, a gente passeia por muitos lugares, sabe?  Eu acho que tem punk rock, eu acho que tem música que é só sujeira mesmo, sacou?  Que é meio grind, eu acho que tem rock, esse rock épico aí que eu acho que encaixa muito bem com a gente, meio western. A gente vai muito nesse lugar. Tem uns heavy metal, tem uns rockão meio baladão, meio ZZ Top, tem muitos lugares diferentes.

Eu preciso, inclusive, que esse disco nasça, até para eu entender, conseguir arrumar ele, ouvir ele, porque, como eu fico aqui ouvindo enquanto eu tô compondo, as coisas estão aqui fluindo na minha cabeça. Quando eu arrumar, nascer um disco aqui, tudo bem, tem goleiro, tem zagueiro, tem meio de campo, tem as diferentes modalidades musicais ali dentro, até eu vou entender a banda melhor. 

Rolling Stone Brasil: Como foi a curadoria para escolher as bandas que vão se apresentar no Matanza Ritual Fest?  
Olha, eu vou ser sincero: esse ano não foi nada difícil para escolher as bandas que são próximas e que vêm se destacando muito. Crypta, Black Pantera e Malvada vêm se destacando muito... Crypta e Black Pantera no mundo inteiro. Inclusive, têm sido fenômenos, como há muito tempo a gente não vê. Se você for dar uma olhada, faz muito tempo que bandas brasileiras não têm um início de carreira tão arrasador assim, já tendo passado pelo Rock in Rio, sabe? O Black Pantera no Lollapalooza... Parada de primeiríssimo nível, né? Então, foi relativamente fácil.

Ao mesmo tempo, o Matanza Fest tem um lance: eu me sinto muito anfitrião, sabe? Quero chamar pessoas que eu gosto para vir na minha casa, como se fosse um jantar para eu servir eles. É a minha equipe que trabalha com todo mundo a noite inteira, sabe? É o jeito que eu anuncio, é o jeito que eu faço as coisas. E aí foi legal, assim, serem pessoas que eu já conheço há mais tempo, pessoas que ou eu trabalho junto ou eu sempre quis trabalhar. Black Pantera é a banda que eu acompanho há um tempão. Crypta é uma banda que eu já acompanhava há muito tempo. Então, tem uma proximidade aí e eu estou bem feliz de tê-las próximas nesse momento.

Rolling Stone Brasil: Acho que você já falou um pouco, mas você pode me contar mais sobre a sua relação com cada uma dessas bandas?
Posso, claro. Malvada foi uma banda que a gente tocou muito junto, viajando no Angra Fest, no início desse ano. Foi legal, porque deu para a gente fazer alguns shows com elas. E depois, inclusive, elas ainda fizeram mais um show tocando com a gente em São Paulo. É uma banda muito dedicada. Eu acho que o rock é muito exigente nesse sentido de começar um trabalho. Então, é uma banda que está se jogando muito e faz isso com competência, faz bem feito, faz as coisas pensadas. Eu acho isso um barato.

O Black Pantera e a Crypta são duas bandas, como eu já disse, fenomenais, que vêm chamando muita atenção porque estão realmente fazendo um lance fora do comum. O Black Pantera, por exemplo, foi uma banda com quem eu toquei. Quando eu fui tocar em Uberaba, há um tempão, fui fazer um show sozinho com banda local. Tive o privilégio da minha banda local ser o Black Pantera. Já estava sacando a banda antes, já conhecia as músicas. Depois disso, eles ainda foram parar na gravadora que foi a minha gravadora a vida inteira, que é a DeckDisc, com o Rafa, que é meu irmão de alma. Gravaram com o Jorge Guerreiro também, que é o cara que trabalha comigo há 20 anos e viaja comigo todo fim de semana. Então, foi uma coisa muito família. Isso foi muito maneiro. 

A Crypta é uma banda que tem a galera que saiu da Nervosa, que era a banda que eu era mais próximo. É uma banda daquelas que vem passando o rodo de uma maneira tão forte, tão óbvia, que eu falo: "Pô, bicho, não posso deixar de ter essa banda". E, por acaso, também trabalham com pessoas com quem eu trabalho. Então, foi uma relação próxima ali. Deu tudo muito certo. Foi ótimo conseguir amarrar todo mundo para estar presente ali no Matanza Fest.

Rolling Stone Brasil: Como você tem equilibrado a carreira na música com a carreira de ator?
Eu estava conversando agora, inclusive, numa outra entrevista... Cheguei à conclusão de que a pandemia estava me ajudando, por mais incrível que pareça. Eu não quero ser idiota a ponto de falar que uma coisa tão ruim quanto a pandemia estava me ajudando. Mas o que acontece? Enquanto a gente estava meio que saindo daquela época de Covid, as produções audiovisuais estavam exigindo menos dias dos artistas, porque estavam concentrando os dias de filmagem. Estava um pouco mais fácil para eu conseguir fazer isso, porque, mesmo fazendo show, eu não tinha tantas diárias de filmagem para bater data e dar problema.

Como agora as coisas estão relaxadas nesse sentido, eu tenho enfrentado muita dificuldade de data. Tem sido um problema, porque aí as produções querem quatro, cinco meses, e eu não consigo dar quatro, cinco meses de exclusividade. Eu sempre tenho show marcado. Mas eu estou muito ansioso para voltar a filmar. Nesse ano, eu quase não fiz nada nesse sentido. Foi uma das coisas mais legais que descobri nos últimos tempos.  Eu não posso ficar sem isso, não. Então, tenho que me virar, tenho que dar um jeito. Mas eu preciso voltar a fazer minhas coisinhas de televisão, que são muito divertidas.

Rolling Stone Brasil: Já tem algum projeto aí no horizonte que você pode falar?
Olha, poder adiantar, não. A gente tem outras temporadas de projetos que eu já fiz, que devem rolar mais para frente, mas a gente tem que esperar todos eles darem o sinal verde. Eu fico só esperando aqui em casa, roendo as unhas e esperando, ansioso.

Rolling Stone Brasil: Você gosta mais de uma do que de outra carreira, música ou atuar?
Gostar mais? Não pode, porque é tipo filho. Cara, olha só, a real é que... Como eu posso dizer isso sem querer responder aquele lance bem óbvio? São todos meus filhos, e não existe filho mais amado. Elas são muito diferentes. Nunca tive, na verdade, a oportunidade de atuar durante anos, que nem eu tenho com a música, para entender o resultado disso na cabeça, no corpo, para saber se aqui me faz bem, se aqui me faz mal. Então, não é nem justo eu comparar as duas. Estou, sei lá, há 30 anos excursionando com banda. Atuei por quatro, cinco anos, e, ainda assim, esporadicamente. Daqui a uns 30 anos eu te respondo.

Rolling Stone Brasil: Faz relativamente pouco tempo que você está atuando, mas você já fez parte de produções grandes: Globo, Netflix... Como foi esse processo?
Bom, eu cheguei nessas produções do jeito mais normal possível. Eu fiz testes, concorri com uma galera, passei e fui escolhido. É muito difícil. Atuar é uma coisa muito difícil. Exige, pelo menos no meu caso, muita destreza mental. Você tem que estar presente naquele momento, de uma maneira muito aguda, sabe? E, ao mesmo tempo, não existe estar presente forçado. Estar presente é um processo um pouco mais longo: você tem que respirar, você tem que saber estar presente nas coisas. Num palco, por exemplo, talvez seja um pouco mais fácil estar presente, porque, apesar de ser tudo mais ou menos a mesma coisa, você tem a música ali no seu ouvido. Se você fechar o olho e ouvir a música, você é levado. Mas, na atuação, acho que você tem que saber se colocar psicologicamente na situação para levar. É meio complexo, talvez eu não tenha explicado tão bem, mas tem diferenças. Atuar é difícil, acho difícil. Não tenho tanta técnica, é óbvio, mas também não tenho tanta técnica cantando. Quero fazer cada vez mais coisas, inclusive para saber fazê-las.

Rolling Stone Brasil: Como você descobriu que queria atuar?
Eu fui chamado para fazer um lance chamado Dois Irmãos. Fui convidado mesmo. Tipo, "Vem cá, queremos você", e aí foi meio fácil. Quer dizer, foi fácil porque não tive que fazer teste nem nada, disseram: "Vem cá, seja você mesmo, faz esse papel aqui". E aí cheguei lá e não era nada disso, era um papel superdifícil, cheio de detalhes e coisas complicadas, sotaques... Eu tive que me virar para fazer.  Só que eu gostei muito de fazer. Achei muito divertido, achei muito legal. E aí rolou um... Um bichinho da televisão me mordeu, e agora estou mordido. Não sei mais como explicar isso, a não ser dizendo que deu muita vontade.


Ingressos para o Matanza Fest estão à venda na plataforma Ticket 360, a partir de R$ 85, mais taxa administrativa, com possibilidade de parcelamento.

Serviço

Matanza Ritual Fest
Data: 9 de dezembro de 2023 (sábado)
Local: Audio (Av. Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – São Paulo – SP)
Abertura: 19h30