Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil
Música / Entrevista - Parte I

Jimmy London, do Matanza Ritual, defende judeus, mas se opõe ao governo de Netanyahu: 'Ele é um monstro'

Vocalista do Matanza Ritual e cofundador do Matanza, Jimmy London defendeu povo judeu e condenou guerra entre Israel e Palestina em entrevista à Rolling Stone Brasil

Jimmy London, do Matanza Ritual (Foto: Divulgação)
Jimmy London, do Matanza Ritual (Foto: Divulgação)

Jimmy London, vocalista do Matanza Ritual, tem compartilhado seu posicionamento sobre a guerra entre Israel e Palestina com quem o acompanha no Twitter. "Não tenho uma posição muito exótica", pontuou o ator em entrevista à Rolling Stone Brasil. "Acho que é majoritária."

O cantor judeu abomina os ataques do Hamas contra Israel, mas adiantou que isso não significa que está de acordo com o governo de Benjamin Netanyahu: "Critico profundamento o governo do Netanyahu e alguns governos anteriores de Israel, com suas condutas especialmente na Cisjordânia e, obviamente, em Gaza. Isso é muito sério", disse.

Eu discordo profundamente de um governo que tem arma. Inclusive, do que ele [Benjamin Netanyahu] está fazendo para dentro de Israel. Ele está acabando com o Supremo de Israel. Ele é um monstro. Em inúmeras camadas, ele é um corrupto. Ele se aliou com que o que há de pior em Israel para conseguir voltar ao poder, porque ele tinha sido tirado da cadeira de primeiro-ministro. Ele se aliou com que há de mais racista, escroto e asqueroso para poder voltar. Aceitou tudo o que essas pessoas têm de pior para poder voltar ao poder e terminar com o Supremo de Israel para se livrar das acusações de corrupção dele. Ele é podridão e o que anda com ele é podridão.

London ainda defendeu que "o povo judeu tem todo o direito de ter uma terra e de ter autodeterminação em relação a ela" — opinião associada ao sionismo. "Acho que fizeram uma junção muito doida de sionismo com o governo do Netanyahu, e isso, para mim, é um grande erro", afirmou.

Eu acho que isso que aconteceu, que foi feito pelo Hamas, é um ato bizarro, inaceitável, de terrorismo puro, explícito. Me assusta muito que as pessoas estejam em algum momento normalizando ou esquecendo que há reféns civis. 

"Todo mundo tem direito ao seu marco de terra. O MST luta para que todos tenham o direito de um marco de terra", argumentou. "Aqui no Brasil, por exemplo, as pessoas lutam a favor do MST e pelo marco de terra. Eu concordo com os indígenas: não existe um determinado momento até onde eles tinham que estar presentes naquela terra para ela pertencer efetivamente a eles. Mas com Israel meio que tem isso, né? Acontece um marco temporal."

O Projeto de Lei 490/2007, que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) e na Câmara dos Deputados, estabelece que indígenas só têm direito às terras que já ocupavam em 5 de outubro de 1988, quando a mais recente Constituição Federal foi promulgada.

Defendido pelos ruralistas, o PL foi vetado pelo presidente Lula. Em sessão desta quinta-feira, 7, a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) planeja apresentar ação para impedir que os vetos do mandatário sejam derrubados pelo Congresso, declarando a decisão dos parlamentares inconstitucional. 

Jimmy enxerga um paralelo entre a opressão vivida por indígenas e o antissemitismo e fez referência à diáspora judaica: "Um pano de fundo muito grave nessa história toda é o seguinte: as pessoas esquecem que o antissemitismo sempre existiu. Desde que os judeus foram escravizados no Egito, depois que eles passaram na inquisição, o que eles passaram nas perseguições todas na Europa e no resto do mundo, depois o que aconteceu durante o holocausto e o que continua acontecendo em inúmeros outros lugares... Os judeus sofrem perseguição desde a sua existência".

Ele também citou as ações do Reino Unido sobre o território hoje ocupado por judeus e se colocou contra um possível marco temporal para os israelenses: "Jerusalém está lá há alguns milhares de anos. Não foi feita com a poeira do deserto, foi feita por pessoas que moravam naquele lugar antes".

Embora outras guerras estejam acontecendo ao redor do planeta, para o cofundador do Matanza, "as pessoas têm uma régua para tratar Israel completamente diferente da que tratam o resto do mundo".

Que país no mundo foi mais oprimido que um país que lutou contra seis, sete, países ao mesmo tempo, e conseguiu sobreviver? 

"Fazem julgamentos em relação aos judeus e fazem julgamentos em relação a Israel que não fariam em relação a nenhum outro país. 'Ah não, mas eu não sou antissemita, eu sou anti-sionista.' Qual outro país do mundo você quer que não exista? Em algum momento você discordou do Bashar al-Assad, que matou e continua matando centenas de milhares de pessoas? Acha que a Síria não deve existir?", questionou London.

Matanza Ritual Fest

O Matanza Ritual e a Top Link Music realizam neste sábado, 9, mais uma edição do Matanza Ritual Fest, festival que reunirá as bandas Matanza Ritual, Crypta, Black Pantera e Malvada.

O Matanza Ritual é formado por um time de estrelas do rock nacional: o vocalista Jimmy London(Matanza), o baixista Felipe Andreoli (Angra), o guitarrista Antônio Araújo (Korzus) e o baterista Amílcar Christofáro (Torture Squad).

Ingressos para o Matanza Fest estão à venda na plataforma Ticket 360, a partir de R$ 85, mais taxa administrativa, com possibilidade de parcelamento.

Serviço

Matanza Ritual Fest
Data: 9 de dezembro de 2023 (sábado)
Local: Audio (Av. Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – São Paulo – SP)
Abertura: 19h30