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James Hetfield se desculpou por Metallica ter destruído carreira do Winger

Banda de hard rock virou alvo de chacota após dardo atirado em pôster do vocalista Kip Winger no clipe de “Nothing Else Matters”

James Hetfield (Foto: Getty Images)
James Hetfield (Foto: Getty Images)

Pode parecer um exagero, mas um desenho animado e uma cena de um videoclipe são creditados por terem ajudado a destruir a carreira do Winger, uma das bandas de maior sucesso do hard rock americano no fim dos anos 1980.

A animação citada é Beavis and Butt-Head, fenômeno cultural da MTV no início da década seguinte. E o vídeo citado é o feito para “Nothing Else Matters”, canção disponibilizada pelo Metallica em 1991.

Primeiro, o desenho: exibido originalmente entre 1993 e 1997, Beavis and Butt-Head narrava a vida de dois adolescentes com os mesmos nomes do programa de TV. Entre os demais personagens que compunham a trama, estava Stewart Stevenson, um garoto que era alvo de bullying por parte dos protagonistas. Enquanto a dupla principal usava camisetas de bandas como AC/DC e o próprio Metallica, exemplos de artistas “descolados”, o menino zoado trajava uma peça de roupa do Winger, o que transformava fãs do grupo na vida real em chacota.

Agora, o videoclipe: em um breve trecho da filmagem de “Nothing Else Matters” que rodou bastante na MTV entre 1992 e 1993, o baterista Lars Ulrich atira um dardo em direção a um pôster de Kip Winger, vocalista e baixista da banda batizada com seu sobrenome. Não havia motivo aparente para isso; tratava-se apenas de um deboche.

Obviamente, a derrocada do Winger - que nunca mais lançou um trabalho de sucesso após o disco de estreia homônimo (1988) e In the Heart of the Young (1990) - não se justifica apenas por esses dois episódios. O cenário do rock mainstream, especialmente nos Estados Unidos, mudou bastante no início da década de 1990, com o grunge e outros subgêneros do rock alternativo atraindo os holofotes que até então eram do hard rock e heavy metal. Porém, as situações mencionadas ajudaram a enterrar ainda mais o nome do grupo.

Pedido de desculpas

O que talvez muitos fãs não esperassem é que um integrante do Metallica chegou a se desculpar com Kip Winger pela cena no videoclipe de “Nothing Else Matters”. Trata-se do vocalista e guitarrista James Hetfield, que sequer foi o responsável por atirar o dardo na filmagem.

O próprio Kip fez a revelação em recente entrevista ao Yahoo! Entertainment. O músico também contou ter recebido uma retratação de Mike Judge, criador de Beavis and Butt-Head.

Inicialmente, sobre Hetfield, ele comentou:

“James Hetfield me ligou para se desculpar há cerca de um ano e meio. Ele estava muito arrependido e disse: ‘sabe de uma coisa… isso não foi legal e sinto muito por termos feito isso’. Foi uma conversa muito legal. Pareceu que o cara é incrível e que eu poderia ser amigo dele. Mas, você sabe... foi realmente o Lars (quem jogou o dardo).”

Com relação a Judge, o contato não foi por telefone, mas via e-mail.

“Troquei e-mails com Mike Judge quando eles decidiram refazer Beavis & Butt-Head (no remake de 2022). Eles queriam permissão (para usar o nome e o logo do Winger) desta vez, o que foi irônico, porque eles não pediram permissão da primeira vez - o que foi uma espécie de admissão de culpa. Mas não sou vingativo. Encontrei o perfil dele no Facebook e mandei uma mensagem privada para ele dizendo: ‘recebi um aviso da MTV de que vocês querem fazer isso, mas gostaria de falar com você’. Então, ele foi gentil o suficiente para me enviar um e-mail e nós apenas conversamos. Dei permissão a eles - e eles me pagaram! Eu pensei: ‘bem, que se f#da… seria estranho o nome não estar lá agora, depois de todo esse tempo’.”

Reflexões de Kip Winger

Apesar de não guardar mágoas, Kip Winger tem opiniões bem firmes a respeito de tudo o que ocorreu com sua banda. Primeiro, com relação ao sucesso conquistado nos anos 1980 a ponto de tirar as atenções para o talento de seu grupo, ele afirma:

“Aquilo foi a ironia de toda a minha existência, porque meu foco sempre foi a música e ser um bom músico. Uma coisa que digo sobre ‘Seventeen’ (o maior hit do Winger) é que se você tirar a letra, você vai perceber que é uma música muito, muito difícil de se tocar. Tem um monte de coisas complicadas acontecendo do ponto de vista musical. Muitas bandas cover tentam, mas não conseguem tocá-la corretamente.”

Tal reflexão também se estende às piadas feitas com sua banda nos anos 1990. Kip não conseguia entender como havia chegado a esse ponto.

“Foi trágico, tipo: uau, como eu pude terminar nessa posição, sendo o único de todos esses caras (do hard rock dos anos 1980) que conseguem até conduzir uma orquestra?' Foi ruim, muito ruim.”

Ainda durante a entrevista, o vocalista e baixista admitiu que gostava do Metallica, inclusive na época em que foi transformado em alvo de chacota.

“Gostava de muitas músicas que o Metallica fez. ‘Enter Sandman’ é uma ótima música. A ironia é que antes de tudo acontecer, eles lançaram o Black Album, liguei para meu baterista (Rod Morgenstein) e falei: ‘cara, você deveria conferir a bateria desse disco, é realmente incrível’. Eu amo a bateria do Black Album. E então, a próxima coisa que fico sabendo é que Lars enfiou um dardo na minha testa.”