Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Mudança Fora de Hora

Redação Publicado em 13/03/2009, às 08h53 - Atualizado às 08h54

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem Mudança Fora de Hora

Chris Cornell

Scream

Interscope/Universal

Transmutação sonora do vocalista não trouxe os resultados esperados

É preciso ter coragem para fazer o que Chris Cornell fez: abandonar o som dos lendários Soundgarden e Audioslave,

recomeçando em uma carreira de música pop. Claro que a carreira solo do cantor sempre ficou naquela linha fi na entre o aceitável e o detestável, o que mostrava certa indecisão. Agora Cornell escolheu: tirou quase tudo que remetesse ao rock de seu som e substituiu por batidas eletrônicas - daquelas estilo pop FM, que podem servir de base tanto para as Pussycat Dolls quanto para a Madonna. Timbaland (com a ajuda de J-Roc e Jim Beanz, parceiros comerciais do produtor), claro, foi o encarregado de capitanear a mudança. É altamente improvável que os fãs antigos passem da primeira faixa de Scream, "Part of Me" - que abre com uma voz distorcida e parte para Cornell emulando um Justin Timberlake gritão. A primeira guitarra audível só vem no final de "Get Up", quinta faixa do trabalho. Timberlake, aliás, canta em "Take Me Alive", que ele ajudou a escrever, mas passa quase imperceptível. O maior problema da nova sonoridade de Chris Cornell é a voz, que depois de anos acompanhada por guitarras sujas simplesmente não combina com o esquema "batidas por minuto". Tanto que em vários momentos, inclusive na faixa-título, parece haver duas músicas distintas - uma na melodia vocal e outra nos beats. O único respiro vem em "Two Drink Minimum", a última canção do CD, parceria com John Mayer, de pegada blueseira e sem bobagens eletrônicas oportunistas. Simpática, mas não o suficiente para fazer com que as 13 anteriores sejam suportáveis.

Paulo Terron