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Sombria Ressurreição

Como o Black Sabbath superou crises para se reunir

David Browne | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 15/03/2013, às 15h45 - Atualizado às 15h48

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<b>SUANDO</b> Ozzy em um dos shows da volta do Sabbath, em 2012 - REX FEATURES VIA AP IMAGES
<b>SUANDO</b> Ozzy em um dos shows da volta do Sabbath, em 2012 - REX FEATURES VIA AP IMAGES

E um dia ensolarado de janeiro em Los Angeles, mas, como é de se esperar, o mundo do Black Sabbath parece bastante sombrio. O guitarrista Tony Iommi está na Inglaterra passando por tratamento contra um linfoma diagnosticado no ano passado. Ozzy Osbourne, zanzando pelo estúdio Shangri-La, em Malibu, usando um chapéu preto e terno, tem seus próprios problemas médicos: o braço está apoiado na tipoia depois de uma cirurgia na mão e, quatro dias antes, ele se transformou por um breve momento em tocha humana: “A minha mulher deixou uma vela acesa no andar de baixo e a mesinha de centro pegou fogo”, Ozzy balbucia, afastando o cabelo da testa e revelando uma marca vermelha de queimadura. “Ela jogou água na madeira e foi como se napalm tivesse explodido.” Ele encolhe e diz: os ombros. “Um dia normal no lar Osbourne”.

Black Sabbath mostra um pouco do que está acontecendo com a banda em estúdio.

Pelo menos uma coisa está saindo do jeito do Sabbath: a banda está quase finalizando 13, o primeiro álbum de estúdio com Osbourne em 35 anos. Gravado no final do ano passado com o produtor Rick Rubin, 13 conta com Osbourne, Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista convidado Brad Wilk (do Rage Against the Machine) ressuscitando o som ultrapesado dos primeiros discos do Sabbath. Faixas matadoras como “End of the Beginning” e “Age of Reason” duram até oito minutos. “Não sei o que está acontecendo no mundo da música”, diz Osbourne. “Minha mulher me fala sobre bandas e não faço ideia do que está dizendo. Só estamos fazemos o que sempre fizemos.”

Osbourne saiu em algumas turnês com o Sabbath nos últimos 15 anos, mas o caminho para uma reunião no estúdio foi particularmente longo e árduo. Eles se encontraram com Rubin pela primeira vez há mais de dez anos, só que, segundo o produtor, “não deu liga na época”. Iommi afirma que o lançamento do reality show The Osbournes na MTV logo em seguida complicou as coisas: “Aquilo afastou o Ozzy. Quando ele estava para fazer o programa, pensei: ‘Hmmm, não sei no que vai dar’. Deu no que deu”.

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Mesmo quando o projeto foi retomado em 2011, quase saiu dos trilhos. O baterista original, Bill Ward, que havia participado dos primeiros ensaios para o novo disco, anunciou em fevereiro do ano passado que não participaria devido ao que chama de “dificuldades contratuais”. Iommi diz que as exigências de Ward vieram do nada. “Não sabia que Bill estava tendo esses problemas quando nos reunimos – ele não falou nada para nós”, afirma. “Foi bastante confuso. Queríamos que estivesse envolvido, mas ficou difícil demais.”

O diagnóstico do câncer de Iommi foi outro empecilho. “Não conseguia acreditar naquilo”, conta Osbourne. “Depois daquele tempo todo, estamos no mesmo barco e bang!” As sessões foram adiadas por pouco tempo quando o guitarrista iniciou a quimioterapia no ano passado. Então, quando finalmente chegou a hora de gravar o álbum, Rubin deu sua contribuição aos problemas. Com a banda reunida em sua casa, em Los Angeles, ele tocou o primeiro álbum, Black Sabbath (1970). “Queria fazer um disco que pudesse ser comparado àqueles quatro primeiros”, conta Rubin. “O primeiro não era um álbum de heavy metal puro. Dava para ouvir a influência do jazz, então a meta era essa, e capturar aquela interação ao vivo.”

Para a banda, o desafio de Rubin foi desconcertante, no começo. “Foi confuso”, diz Butler. “Tivemos de desaprender tudo o que tínhamos aprendido.” Quando as gravações começaram, Iommi só conseguiu trabalhar algumas semanas por vez antes de tirar uma folga para tratamentos adicionais contra o câncer – um cronograma que irá adotar nos próximos dois anos.

Embora Osbourne descreva o novo disco como “blues satânico”, a doença de Iommi não é a única coisa que mudou no Sabbath. Ozzy admite que não é mais o “alcoólatra e drogado louco e furioso” que era durante a gravação de seu último álbum com o Sabbath, Never Say Die (1978), e até uma música nova do Sabbath como “God Is Dead” (Deus Morreu) faz uma virada inesperada. “Ela começa com ‘God is dead’”, conta Osbourne, antes de acrescentar um tanto melancolicamente “mas, no final, diz: ‘I don’t believe that God is dead’ [Não acredito que Deus morreu].