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Ecletismo Musical no Caribe

Prince dominou a quarta edição do North Sea Jazz Festival, na ilha de Curaçao

Paulo Cavalcanti Publicado em 11/10/2013, às 15h57 - Atualizado às 16h16

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O Roots sofreu com a concorrência, mas fez uma boa apresentação à beira da praia. - Jacson Vogel
O Roots sofreu com a concorrência, mas fez uma boa apresentação à beira da praia. - Jacson Vogel

O North Sea Jazz Festival foi criado na Holanda por Paul Acket, um empresário do setor jornalístico e amante de jazz. A primeira edição do evento foi em 1976 e, há cerca de cinco anos, os organizadores decidiram expandir o evento para fora da Europa. A escolha natural foi Curaçao, que, apesar de ser um país de governo independente e estar localizado no Caribe, faz parte do Reino dos Países Baixos. A ilha é um dos principais pontos turísticos do mundo, um lugar de sol constante, tempo agradável e com algumas das praias mais limpas e cristalinas do planeta. A junção de um local paradisíaco com música de alta categoria tornou o North Sea Jazz um dos principais festivais da atualidade. A edição 2013 ocorreu nos dias 30 e 31 de agosto, no World Trade Center, localizado na Piscadera Bay, na capital, Willemstad.

Naturalmente, boa parte do público vem da Holanda, por meio de atrativos pacotes turísticos que incluem passeios pela ilha e acesso ao festival. Muitos turistas também vêm da Venezuela e da Colômbia para conferir, particularmente, os artistas latinos. Curaçao é um dos países com menor índice de criminalidade do planeta, e isso é refletido na atmosfera tranquila dos shows. A área do festival recebe 10 mil pessoas, que se movimentam por quatro palcos: o principal se chama Sam Cooke, que recebe os headliners; o palco Celia é um teatro fechado; o Sir Duke é à beira da praia; e o palco Etta James é o menor, podendo ser considerado um espaço alternativo – nos dois dias do evento, trouxe nomes ainda pouco conhecidos como Sherry Dyanne, Kizzy McHugh e Kris Berry.

Apesar do nome, o North Sea Jazz não foca somente no jazz. O festival abre espaço também para soul, blues, world music, música latina e o chamado pop adulto. No primeiro dia, quem apareceu para abrir as apresentações foi o lendário Harry Belafonte, que na década de 50 popularizou a música caribenha e, depois, se manteve ativo em causas humanitárias. Belafonte discursou sobe a fome no mundo e afirmou que o North Sea também ajudava na causa. Depois que o veterano cantor e ativista saiu do palco, veio a banda Toto, um dos principais expoentes dos anos 80, que desfilou grandes hits, como “Africa” e “Rosana”. Na sequência, Diana Ross se apresentou por cerca de uma hora, relembrando clássicos das Supremes e hits solo. Mas, para boa parte do público, a grande atração era Marc Anthony. O ex-marido de Jennifer Lopez, que ataca na salsa, rumba e em outros ritmos dançantes, faz a linha de galã latino canastrão e transformou o palco Sam Cooke em uma animada festa tropical dançante.

Outro espaço concorrido na sexta era o palco Celia. O teatro lotou para assistir às apresentações de Gladys Knight, lenda da Motown, e do pianista Herbie Hancock. Ironicamente, no palco Sir Duke, pouca gente se atropelou para conferir as performances de New Cool Collective, Raphael Saadiq e Erykah Badu. Existia um motivo: como o palco era ao lado do mar e ficava próximo a uma praça de alimentação, muita gente preferiu ficar bebendo e contemplando o horizonte.

Já no sábado, não teve pra ninguém: Prince foi a principal atração e esvaziou o interesse pelas apresentações de outros espaços. O irônico é que ele nem estava inicialmente escalado – foi chamado na última hora para substituir Usher. Por volta das 23h, Prince e sua enorme trupe entraram no palco. Apesar do horário estipulado para a apresentação ser de uma hora, o músico permaneceu por 40 minutos extras. Um apresentador surgiu, agradeceu e conclamou o público a ir assistir ao The Roots, que se apresentava na praia. Mas Prince reapareceu para tocar por mais uma hora. Todos voltaram e, assim, o The Roots tocou para os mariscos. Não dá mesmo para competir com Prince. Showman sem igual e instrumentista excepcional, ele comandou uma big band em um show em que ninguém fica parado, tocando um repertório que incluiu hits como “Purple Rain” e “1999”.?

Apesar de Prince ter sido a estrela incontestável, os outros palcos também tiveram bons momentos. No teatro, Paul Anka transformou o local em uma sucursal de Las Vegas e cantou standards, como “Diana” e “My Way”. Esperanza Spalding e Los Lobos, que se apresentaram antes do The Roots no palco Sir Duke, tiveram que se contentar com um público minguado, já que a proximidade do mar parecia ser mais atraente.