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Afrobeat à Brasileira

O grupo Bixiga70 constrói a ponte entre o Brasil e a África passando por um bairro paulistano

José Julio do Espirito Santo Publicado em 05/01/2012, às 12h37 - Atualizado às 15h28

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BIG BAND </b> O Bixiga70 mostra virtuosismo, mas também quer ser popular - PABLO SABORIDO/DIVULGAÇÃO
BIG BAND </b> O Bixiga70 mostra virtuosismo, mas também quer ser popular - PABLO SABORIDO/DIVULGAÇÃO

É incrível pensar que até Benito di Paula lançou o trabalho dele aqui”, Cris Scabello divaga, olhando para uma parede da sala e imaginando o lugar onde ficava o palco. O guitarrista do Bixiga70 está no Estúdio Traquitana, junto a dois companheiros de banda – o baterista Décio 7 e o tecladista Mauricio Fleury. Nos anos 70, o mesmo local abrigava a boate Teleco-Teco, com shows do expoente do samba-joia e outros artistas que despontavam na noite paulistana. O prédio localizado no número 70 da rua 13 de Maio, a mais alegórica do bairro, não perdeu sua função aglutinadora. “O Bixiga70 é o encontro de várias pessoas e de um espaço que proporcionou isso”, Scabello comenta sobre a criação da banda. “Faz referência ao Africa ’70, mas a gente quer colocar nossa porção brasileira tropical para além do afrobeat.”

Generosa fonte de inspiração para artistas de jazz e rock, o estilo criado por Fela Kuti vem se tornando mais familiar nos últimos anos no Brasil. Foi na Festa Fela, em São Paulo, o primeiro show do Bixiga70, ainda com outro nome: Banda Malaika. Era 2010, e de lá para cá a ascensão foi rápida. “Mas há cinco anos a gente já tinha essa ideia de montar uma big band”, Scabello revela. “Primeiro a gente adotou a estética de Fela. Depois veio Pedro Santos”, Décio 7 completa, citando a influência do visionário percussionista mais conhecido como Pedro Sorongo, “e as influências diversas da banda, de Gil a Baden”. Todos os integrantes do Bixiga70 já tocaram juntos em outras bandas ou acompanharam artistas, como o multi-instrumentista Pipo Pegoraro ou o projeto Massarock. Scabello e 7 faziam parte do grupo de dub Rockers Control e daí veio a conexão com o norte-americano Victor Rice, que coproduziu o primeiro álbum do Bixiga70. O disco, homônimo, saiu no fim do ano passado em CD e LP, além de versão digital baixada do site da banda pelo esquema “pague quanto quiser”. Pouco antes foi lançado o compacto em 7 polegadas da faixa “Tema di Malaika”.

Completam a banda Marcelo Dworecki no baixo, Rômulo Nardes e Gustavo Cecci na percussão, Cuca Ferreira no sax barítono e flautim, Daniel Nogueira no sax tenor, Daniel Gralha no trompete e Douglas Antunes no trombone. Todos têm a mesma proposta em mente. “Hoje vejo a gente muito mais como essas orquestras afro, como a T.P. Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou, Black Santiago, Rail Band… Tem ‘trocentas’ mil bandas que tocavam nos hotéis de todo o oeste africano, não só fazendo afrobeat. Os caras tocavam música afro-latina”, Fleury explica. “A gente montou esse time e pode ir para qualquer lado, como se fosse uma banda de baile mesmo, com um repertório aberto e abrangente, que tem afrobeat e mil outras coisas.” Scabello completa: “A gente não cai no lado ruim da banda de baile porque temos uma digital musical muito forte”. Não pelo virtuosismo, mas muito mais pela verve criativa que acirra a cada ensaio e faz a banda ganhar repertório para o próximo álbum, a ser lançado no segundo semestre deste ano. O guitarrista conclui: “Isso foi imprescindível para o Bixiga chegar tão rápido aonde queria”