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“A poesia é fortíssima”, diz Rogério Flausino sobre turnê em que, ao lado do irmão, homenageia Cazuza

Acompanhado de Wilson Sideral, o vocalista do Jota Quest estreia série de shows nesta terça, 20

Gabriel Nunes Publicado em 19/09/2016, às 18h55 - Atualizado às 19h23

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Flausino e Sideral - Antônio Andrade
Flausino e Sideral - Antônio Andrade

Rogério Flausino nunca escondeu a admiração que sente por Cazuza. “Sofri pra caralho”, diz quando relembra a morte trágica e prematura do artista. “De chorar e ficar triste por dias. Era muito fã, então foi um negócio bastante forte quando aconteceu, um momento muito duro não apenas para mim, mas também para o meu irmão”. Não à toa, o vocalista do Jota Quest e o irmão dele, o músico Wilson Sideral, estão partindo em uma turnê em que executam canções desse carioca talentoso, que morreu em 7 de julho de 1990 após uma árdua luta contra os males causados pelo vírus da aids.

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Com datas agendadas no Rio de Janeiro, Recife, Natal e Fortaleza, a dupla inicia a série de shows nesta terça, 20, na capital paulista. No entanto, não é a primeira vez que os dois sobem ao palco juntos. Antes de enveredarem em suas respectivas carreiras musicais, Flausino e Sideral entoaram os primeiros acordes sob a alcunha Contacto Imediato, em meados dos anos 1980.“Era uma brincadeira, mas também era uma coisa séria. Era uma mistura das duas coisas, na verdade”, explica, saudosista. “A gente começou brincando de tocar no quintal de casa com caixas de papelão.”

Na contramão das dificuldades e improbabilidades – isto é, levar adiante o sonho de ter uma banda de rock em uma cidade interiorana (Alfenas, em Minas Gerais), onde o acesso a shows e discos do gênero é restrito – a Contacto Imediato sobreviveu às margens da explosão oitentista do rock nacional, que revelou gente como Legião Urbana, Ira!, Paralamas do Sucesso e o próprio Cazuza e a banda Barão Vermelho.

“A Contacto Imediato foi a nossa escola musical. Nós nos apresentávamos à noite em bares de outras cidadezinhas. Além de covers de Cazuza, tínhamos um repertório próprio bastante recheado com letras políticas, que era a coisa do momento e o cunho daquela geração”, recorda Flausino. “Não tínhamos estúdio nem nada, gravávamos tudo em fita cassete. Era o interior de Minas nos anos 1980! Sem acesso à internet, sem acesso a absolutamente nada. O único contato direto que nós tínhamos com o rock era por meio do rádio.”

Assista abaixo à performance de "Não Reclamo" – poema de Cazuza musicado por Sideral para a turnê – no Fantástico.

Quase três décadas depois da Contacto Imediato, os irmãos ainda trazem fresco na memória afetiva o gosto pelo repertório do carioca. Nem mesmo “certos percalços” – que segundo Flausino são inevitáveis quando se trabalha ao lado de algum familiar – impediram os mineiros de organizarem uma turnê voltada a celebrar a obra de Cazuza. “O Sideral não foi um menino fácil”, afirma em tom jocoso. “Ele deu um trabalho do caralho nessa porra dessa vida! Era um menino muito levado, mas hoje em dia é um cara mais centrado. Antes nós discordávamos muito, mas hoje estamos mais maduros. Estamos passando por bons momentos juntos.”

Flausino revela um misto de confiança e inquietude em relação ao debute da turnê, que acontece nesta terça, 20. “Tenho tido alguma dificuldade para controlar minha ansiedade. É quase um drama de intérprete. Mas nós ensaiamos muito no ano passado, além do que temos essa porra na veia, sabemos todo o repertório de olho fechado! Engoli tudo isso quando era menino, agora é só chegar e botar pra fora essa parada!”

“É muito emocionante o espetáculo que estamos preparando”, prossegue o músico. “Pelo menos é o que eu sinto agora nesse momento. A poesia do repertório é fortíssima, ela leva a gente em uma viagem. Queremos passear pelos meandros de Cazuza o mais fielmente possível. Ou seja: executar faixas tanto da fase do Barão quanto da fase solo. Com esses shows, queremos mostrar o artista completo que ele foi. Ao mesmo tempo em que é algo elaborado, é também algo bem despretensioso, coisa de fã, coisa de irmão, coisa de família.”

Além da turnê, Flausino declara estar colaborando com Sideral em um álbum de reinterpretações de canções de Cazuza. “Só falta lustrar a ideia. Ela estava mais quente no ano passado, mas como a agenda de muita gente acabou enrolando, não deu para levar adiante”. De acordo com o músico, o trabalho, sem qualquer previsão de lançamento, contará com participações de Leoni, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Flausino e Sideral cantam Cazuza

20 de setembro, às 21h

Teatro Bradesco – Rua Palestra Itália, 500/3º piso – Bourbon Shopping São Paulo

Ingressos entre R$ 80 e R$ 200 (há meia-entrada)