Raymond Carver
Maurício Duarte Publicado em 17/01/2018, às 13h15 - Atualizado às 13h39
Ser considerado um grande prosador e um poeta de talento é mais ou menos como um craque do futebol que chuta igualmente bem com as duas pernas. Assim como nos campos, é difícil achar na literatura quem tenha o domínio das duas coisas. Uma dessas raras figuras era o norte-americano Raymond Carver (1938-1988). Craque do conto, gênero com o qual ganhou fama mundial, ele também foi um poeta dos grandes. É justamente isso que uma antologia bilíngue com seus poemas, publicados pela primeira vez no Brasil, vem demonstrar. São 50 obras, selecionadas e traduzidas por Cide Piquet, com apuro e rigor condizentes com os da obra do autor. Alguém que entende que, indo além da superfície, é possível descobrir a grandeza das coisas ínfimas. Gênio da delicadeza, Carver era daqueles raros escribas que alargam a compreensão do cotidiano, sempre com uma alta carga de beleza. E lê-lo, se não muda nossa vida, pelo menos a deixa menos pior.
Fonte: Editora 34
